queria responder, mas esqueci
Tem se tornado um hábito que não me orgulho.
Venho percebendo como estou caindo nesse emaranhado de momentos que me vejo respondendo mentalmente, mas não faço o esforço de colocar uma palavra física. Leio publicações, declarações, sonhos, vontades e desabafos. As respondo mentalmente e nada mais faço. E é com o passar do tempo que percebo que abri mão de retribuir o esforço que o outro fez em compartilhar com o meu silencio de responder mentalmente.
Tem sido cada vez mais frequente.
E não acho que eu consiga justificar de forma tão direta o porquê. Não é desinteresse, pois paro a minha vida para dar o meu tempo, e o tempo é a única moeda de troca que tenho. O problema não é o agente que se expõe, o problema sou eu.
Tenho tentado a me propor a cada vez menos ficar no mundo da imaginação. A resposta merece a mesma intensidade e o mesmo esforço de quem se manifestou. Não sei por que motivo tamanha introspecção necessária hoje para se responder alguém, transformar a comunicação num jogo de xadrez onde tem de ser calculado cada micro decisão que a outra parte da comunicação pode receber a partir da sua mera mensagem, fria, online e que nada é que um amontado de letras numa tela.
A comunicação escrita é triste. Engraçado eu falar isso logo aqui. Mas a natureza dos meus textos, dá um ar melancólico, o que é estranho, pois digito cada palavra aqui com leveza, e muitas vezes com uma feição serena e confortável com o que estou dizendo. Tem essa coisa da nossa língua falada que nos permite ser expressivos, conseguimos gesticular, dar peso a entonação, rir no meio, mostrando a linda natureza da nossa língua ser viva e carregada daquilo que temos de sobra, as emoções.
Talvez seja um lembrete a mim mesmo, responder imediatamente o que for para responder. É a melhor resposta que consigo dar, onde vou conseguir sintetizar as minhas ideias e não o que quer que seja problemas para depois. Esse mundo abstrato do que pode ser sempre escolhe os piores caminhos que uma simples conversa poderia ter.