costaverde

me desconectando das grandes plataformas

Eu sinto falta de estar desconectado.

Venho percebendo que cada vez mais venho adotando medidas para me desvincular cada vez mais das grandes plataformas. Já não possuo mais Facebook. Não tenho Twitter. Histórico não é salvo no Youtube. E o Instagram permanece, apenas como uma maneira de eu saber como estão meus familiares e amigos mais próximos, mas já não atualizo, não sigo páginas, não é nada além de um álbum de fotos digitais pra ver as pessoas que me importo.

Mas, por quê?

Simplificando: Eu não gosto destas plataformas.

Alguma coisa nas plataformas me colocam numa posição desconfortável de ser diretamente confrontado com opiniões que implicam numa reação, seja de anuência ou de condenação. Eu não gosto de estar nessa constante batalha de problemas que só existem ali dentro, delimitado pelo tamanho da tela que estou usando no momento, as vezes numa tela de celular, outras na tela de um monitor. E independente da resolução, sempre há um problema ali, sempre há um desconforto.

Ao pensar no Instagram, envolve um fator que é ainda mais invasivo. É uma rede que é atrelada a minha pessoa física. Há pessoas que eu conheço intimamente ali. Há amigos de longa data, há familiares que não possuo mais contato. Um dos percalços da vida adulta, é não poder mais estar presente das pessoas com quem você acaba se acostumando com a presença diária, com quem você tinha frequentado as mesmas escolas, os mesmos ambientes ou as mesmas viagens que eram quase rotineiras quando mais novo. Então, em teoria, ter uma plataforma que me permita estar conectado, já que não posso mais estar presencialmente, faz sentido, não faz? Acredito cada vez mais que só em teoria faça.

O meu consumo é passivo de um conteúdo que é curado a dedo de vidas perfeitas. Talvez seja repetitivo sobre isso. Mas eu não sei se tudo isso serve só pra eu justificar que ainda me faço presente, mesmo vendo um storie por poucos segundos, aperto no coração como forma de curtir e não sinto nada em tudo isso. Apenas a passividade de consumir um conteúdo já querendo pular para a próxima. Isso ainda constitui fazer parte? Isso ainda tem significado em manter as relações?

Eu não sei.

Não quero usar a expressão manutenção de amizade. É um termo feio, igualar uma forma de relacionamento como um produto que precisa mandar para o reparo para não quebrar. Embora, tenho essa sensação que todas as redes sociais, hoje, servem para isto. Negamos a ideia que não fazemos mais parte daquilo, não estamos mais presentes, mas vivemos a nostalgia ou a própria ideia, vivida as nossas próprias dores, de que viver é difícil. Então dos males o menor, certo?

Também não sei dizer.

É engraçado que enquanto eu escrevo aqui, eu sinto vontade de voltar a querer consumir histórias chatas de suas vidas, porque vivo o mesmo. O trajeto chato e monótono das idas ao trabalho. A fila insuportável no mercado. As dívidas que não param e como antigamente tudo era mais fácil, como tínhamos essa sede de querer crescer logo. Afinal, pra quê?

Do mesmo modo, estar aqui, neste pequeno espaço que ninguém faz parte, eu volto a sentir a sensação gostosa que ter descoberto a internet me deu. A sensação de poder escolher quando estou disponível, ao publicar, e a sensação de estar desconectado, enquanto aqui não há nenhuma nova atualização. Esse espaço que consigo escrever com calma as ideias na minha cabeça, sem a pretensão de nada, apenas calmamente poder materializar o que eu sou, compartilhar um pouco do que eu penso e como estou neste exato momento em que transcrevo o que há em mim.

Não tenho todas as respostas do mundo. Não sei qual o benefício de estar conectado o tempo todo, nem de ser informado de forma contínua. O mundo é ansioso, meu cérebro é analógico. Talvez, eu devesse abandonar a crença de que ainda existem relacionamentos com base em nostalgia. As pessoas vem e vão, e nenhuma tecnologia do mundo, por mais imediata que seja vai aproximar tanto quanto fazer parte.

#estante